Existem indícios de que a Google está trabalhando para dificultar o acesso administrativo dos aparelhos rodando com o seu OS e, assim, manter a responsabilidade com relação às companhias que utilizam o Android como sistema operacional.
Primeiro, é preciso esclarecer que o Android é um negócio da Google e não um serviço oferecido pela companhia às fabricantes que querem utilizar o OS. Assim, o Big G recebe dinheiro para desenvolver a plataforma que será usada pela Samsung, LG, Sony, Motorola, HTC, Huawei e outras. Neste contrato, as fabricantes se diferenciam entre si usando suas interfaces próprias e adicionando os seus serviços exclusivos, o que fomenta o mercado de dispositivos móveis mundial.
Quando um usuário possui acesso administrativo do celular e desinstala tudo aquilo que a fabricante disponibiliza, como loja de aplicativos, apps nativos para música, vídeo e fotografia ou mesmo recursos únicos como o knock code, por exemplo, para desbloqueio da tela, ele está quebrando as regras do contrato entre a Google e as fabricantes. A forma pela qual as OEMs lidam com isso é punindo o usuário com a perda da garantia dos celulares. Porém, a Google continua facilitando a possibilidade de acesso ao sistema operacional dos smartphones e tablets. Além disso, existem outras empresas que tiram vantagem deste processo, tais como a Cyanogen, a Omni, a Paranoid Android e a AOKP que oferecem um software personalizado aos usuários às custas do hardware da Samsung, Sony, LG, Motorola e outras. Agora eu pergunto, e se isso acontecesse com o software dos aparelhos que você desenvolveu, o que você faria?
Tizen
Há algum tempo vemos as fabricantes falando sobre criar um sistema operacional próprio, mas a única que levou o projeto a cabo mesmo foi a Samsung em parceria com a Intel e a Panasonic. Desta união nasceu o Tizen, o qual tive a oportunidade de testar durante o MWC 2014, em Barcelona. A Samsung me enviou há algumas semanas o livro abaixo, com instruções sobre o desenvolvimento de aplicativos para o Tizen e, inclusive, já colocou no mercado o primeiro smartphone rodando com o "OS próprio", o qual chamou de Samsung Z.
Na época do lançamento do Z, muitos websites especializados chegaram a afirmar que este poderia ser o princípio do fim do Android. Será? Uma coisa é certa, a Sammy é uma das maiores apoiadoras do projeto da Google e a empresa que mais vende smartphones rodando Android no mundo. Recentemente, a fabricante sul-coreana liberou uma atualização do OS da primeira versão do seu smartwatch Galaxy Gear e como num piscar de olhos modificou o sistema operacional de uma versão básica do Android para Tizen. E, caso você esteja se perguntando se isso poderia ocorrer com o OS do Galaxy S5, S4 ou S3, saiba que sim.
SuperUser
Recentemente, um dos desenvolvedores mais populares do universo Android, o
Chainfire, externou a sua preocupação com as restrições que a Google iria trazer nas próximas versões do Android. Tanto que atualizou o próprio aplicativo para acesso root, o SuperSU. O programador alertou para o fato de que a próxima versão do Android traria uma mudança que poderia acabar impedindo o funcionamento de muitos dos aplicativos de root por impedir que o superusuário executasse arquivos localizados em
/data. Assim, é possível perceber um movimento da desenvolvedora do Android na direção contrária àquela dos programadores que oferecem o acesso root ou mesmo aplicativos que necessitam de root para rodar.
Esta é mais uma evidência de que as coisas estão ficando mais difíceis para quem pretende se livrar das características próprias da UI das fabricantes. Outro movimento que venho percebendo é a migração de ROMs consagradas como a CyanogenMod para o mercado móvel. A Cyanogen já vende dispositivos que saem de fábrica com o seu software, fruto de parcerias com a OPPO e a OnePlus. Além disso, existem dispositivos menos conhecidos, como o FairPhone que já é vendido com acesso root aos usuários, oferecendo assim a possibilidade de customização do celular com base no que o proprietário do aparelho deseja.
Google
Quando a Google adquiriu a Motorola, bem como quando o Moto X chegou ao mercado, muitos acreditaram que esta era a chance da empresa de Larry Page alçar voo e, além de desenvolver um software para smartphones e tablets, poderia colocar na mercado dispositivos próprios, visto que tinha uma fabricante embaixo das asas. Porém, a Lenovo comprou a Motorola e, com isso, nos tirou as esperanças de ver o Big G se equivaler à Apple.
Conclusão: A Google não vai ficar contra as fabricantes...
Além dos fatores descritos acima, o que me faz ter certeza de que a Google vai dificultar ao máximo o root dos dispositivos Android foi uma recente conversa com um googler que, "sem querer querendo", confirmou que é de conhecimento geral na gigante das buscas que as fabricantes estão perdendo dinheiro com o root dos seus dispositivos móveis. A certeza que tenho é a de que a Google não vai se desfazer do Android, logo, não vai ficar contra as fabricantes.
Por fim, vale dizer que o root não é um processo ilegal, a única consequência é a perda da garantia do aparelho. Além disso, é a única maneira de removermos grande parte dos aplicativos nativos das fabricantes que não são utilizados. Porém, é preciso ter consciência de que estas também são características da UI das fabricantes e que por causa disso, existe competitividade neste mercado.
Acredito que a Google vai trazer muitas mudanças com relação ao acesso root dos dispositivos rodando com o Android. Por outro lado, também percebo que não estamos tão longe de ter smartphones com o hardware do Galaxy S5 ou do LG G3, rodando com a ROM da CyanogenMod e custando o preço do Moto X, sem a necessidade do usuário correr riscos ou perder a garantia do dispositivo ao tentar o processo de desbloqueio do aparelho. Aliás, este dispositivo já existe e se chama OnePlus One.
E aí, você acha que a Google deve ficar do lado das fabricantes ou dos usuários que buscam mais liberdade atarvés do root dos seus dispositivos?
Fonte : Android PIT
Kawan Fellipe
domingo, 15 de junho de 2014
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